Informativo

DENGUE


Orientações para Escolas

Tempo de leitura: 12 minutos

Atualização: janeiro/2025

INTRODUÇÃO

A dengue pertence ao grupo das arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes vetores. No Brasil, a transmissão ocorre por meio da fêmea do mosquito Aedes aegypti, cujo nome científico significa "odioso do Egito".


Os vírus da dengue (DENV) são classificados na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus. Atualmente, são conhecidos quatro sorotipos do vírus – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, cada um com diferentes variações genéticas (genótipos) e linhagens.


O monitoramento dos casos de arboviroses no Brasil é realizado pelo Ministério da Saúde, permitindo o acompanhamento contínuo da situação epidemiológica no país. Para acessar os dados atualizados, visite o portal do Ministério da Saúde: Monitoramento das Arboviroses.

🔸 CURIOSIDADE : POR QUE ALGUMAS PESSOAS ATRAEM MAIS MOSQUITOS QUE OUTRAS?

Um estudo recente publicado no periódico Cell por pesquisadores da Universidade Rockefeller, em Nova York, identificou que indivíduos com níveis mais elevados de compostos chamados ácidos carboxílicos na pele são mais propensos a atrair mosquitos. Esses compostos desempenham um papel na composição do odor corporal, tornando algumas pessoas verdadeiros "ímãs de mosquito". Para saber mais sobre a pesquisa, acesse o estudo completo: clique aqui.

🔸 TRANSMISSÃO DA DENGUE

Os vírus da dengue são transmitidos aos seres humanos por meio da picada de mosquitos infectados do gênero Aedes, principalmente Aedes aegypti e Aedes albopictus. Quando um desses mosquitos pica uma pessoa já infectada pelo vírus, ele adquire o patógeno e se torna capaz de transmiti-lo a outras pessoas, podendo infectar até 300 indivíduos ao longo de sua vida.


Além da dengue, esses mesmos mosquitos também são vetores de outras arboviroses, como os vírus Zika e Chikungunya, reforçando a importância do controle desses insetos para a prevenção dessas doenças.

🔸 CICLO DE VIDA DO MOSQUITO

Ciclo de vida do mosquito Aedes Aegypti

Fonte: Jornal da Grande Bahia


🔸 MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O MOSQUITO AEDES AEGYPTI

O Aedes aegypti possui predadores naturais que ajudam a controlar sua população em diferentes fases do ciclo de vida. As libélulas, por exemplo, predam tanto as formas imaturas quanto os adultos do mosquito, enquanto algumas espécies de peixes e microcrustáceos se alimentam das larvas presentes na água.


Dentro de casa, o mosquito tende a se esconder em locais sombreados e com pouca circulação de ar, o que favorece sua sobrevivência. Para controle da transmissão, quando há casos confirmados de dengue, o serviço de saúde pode utilizar o "fumacê" — um veículo que dispersa inseticida para eliminar fêmeas infectadas do Aedes aegypti. Para garantir a eficácia dessa medida, os moradores devem manter portas e janelas abertas durante a aplicação do produto.

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REPELENTES: PROTEÇÃO CONTRA PICADAS DE MOSQUITOS

Os repelentes são substâncias químicas ou orgânicas que criam uma barreira protetora ao redor da pele, tornando o ambiente desfavorável para insetos em um raio de aproximadamente 4 cm. Dessa forma, ajudam a evitar picadas e reduzir o risco de transmissão de doenças como dengue, Zika e Chikungunya.


O repelente ideal deve ser eficaz contra várias espécies simultaneamente, ter duração mínima de oito horas, ser atóxico, apresentar pouco odor, ser resistente à abrasão e à água, além de ter boa aceitação cosmética e custo acessível.


No Brasil, a Anvisa regula e aprova substâncias ativas sintéticas utilizadas nesses produtos, com tempo de proteção variando entre 2 e 12 horas, dependendo da concentração. Ao escolher um repelente, é importante ler o rótulo para evitar substâncias como:

🚫 Parabenos - conservantes e desreguladores endócrinos.

🚫 Perfumes - potencialmente irritantes e desreguladores endócrino.

🚫 Trietanolamina - regulador de pH que pode causar irritação, especialmente em bebês e crianças com pele sensível.


🔸 ALGUNS REPELENTES DISPONÍVEIS NO MERCADO NACIONAL

Alguns repelentes disponíveis no mercado nacional:

Fonte: Rótulos do fabricante e Sociedade Brasileira de Pediatria


🔸 FREQUÊNCIA DE APLICAÇÃO DO REPELENTE

A aplicação do repelente deve seguir recomendações específicas para garantir eficácia e segurança, especialmente em crianças:


🔸 Lactentes acima de 6 meses:

Permitido apenas uma aplicação ao dia.


🔸 Bebês com mais de 2 meses:

O uso é aceitável somente em situações de exposição intensa e inevitável, sempre considerando a relação risco-benefício.


🔸 Crianças entre 1 e 12 anos:

Recomendadas duas aplicações ao dia.


🔸 A partir de 12 anos:

Podem ser aplicadas duas a três vezes ao dia, conforme necessário.


🔸 COMO USAR OS REPELENTES CORRETAMENTE?

Para garantir a máxima eficácia e segurança do repelente, siga estas orientações:


✅ Reaplique conforme a recomendação do fabricante, respeitando os intervalos indicados.


✅ Evite áreas sensíveis, não aplicando o produto na boca, nariz, olhos, genitais ou sobre ferimentos.


✅ Em crianças pequenas, não aplique nas mãos para evitar contato com a boca e ingestão acidental.


✅ Se for usar protetor solar, aplique primeiro o protetor e depois o repelente, garantindo a proteção adequada contra o sol e os insetos.


✅ Prefira roupas que cubram mais a pele para reduzir o risco de picadas, especialmente em áreas de alta exposição a mosquitos.


✅ Verifique se o repelente pode ser aplicado sobre as roupas, conforme a recomendação do fabricante.


✅ Bebês menores de 2 meses não devem usar repelentes tópicos, sendo recomendada apenas a proteção por barreiras físicas, como roupas de manga longa e mosquiteiros.


✅ Lave as mãos após a aplicação para evitar contato inadvertido com mucosas.


🚫 Não aplique o repelente antes de dormir, pois o contato com cobertas e roupas pode impedir sua evaporação e reduzir a eficácia do produto.


🔸 OUTRAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA MOSQUITOS

Além do uso de repelentes tópicos, algumas estratégias podem auxiliar na prevenção de picadas de mosquitos, mas é importante considerar sua real eficácia:


  • Dispositivos ultrassônicos e lâmpadas luminosas (luz azul) não são eficazes, conforme demonstrado por diversos estudos.


  • Pulseiras embebidas em repelentes não são recomendadas, pois o princípio ativo precisa evaporar sobre a pele para ter efeito.


  • Incensos e velas naturais oferecem proteção limitada, sendo eficazes apenas quando utilizados continuamente por várias horas, mas sem efeito suficiente para recomendação oficial.


  • Repelentes elétricos liberam inseticidas e ajudam a reduzir a entrada de mosquitos quando posicionados próximos a portas e janelas. No entanto, não devem ser usados em ambientes fechados ou por pessoas alérgicas ou asmáticas.


  • Telas em portas e janelas são recomendadas para diminuir a entrada de mosquitos nos ambientes internos.


  • Mosqueteiros são uma opção eficaz para bebês e crianças, podendo ser usados sobre berços e carrinhos para proteção adicional.

SINAIS E SINTOMAS DA DENGUE

A infecção pelo vírus da dengue (DENV) pode se manifestar de forma assintomática ou apresentar sintomas, evoluindo por três fases clínicas: febril, crítica e de recuperação.


Se houver suspeita da doença, é fundamental procurar um serviço de saúde para avaliação e acompanhamento adequado.

🔸 MANIFESTAÇÕES DA FASE FEBRIL


🔸 EXANTEMA - ERUPÇÃO CUTÂNEA

✔️ Ocorre em aproximadamente 50% dos casos, sendo mais comum o tipo maculopapular.

✔️ Surge entre 2 e 5 dias após o início da febre e pode afetar a face, tórax, abdome e extremidades.

✔️ Após o desaparecimento da erupção cutânea, pode ocorrer prurido (coceira), principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés.

Erupção maculopapular no dorso de paciente com vírus DENV

Fonte: Up to Date, 2025


🔸 OUTROS SINAIS E SINTOMAS:

✔️ Fraqueza muscular

✔️ Inapetência

✔️ Náuseas e vômitos

✔️ Fadiga

✔️ Diarreia também pode estar presente

🔸 MANIFESTAÇÕES DA FASE CRÍTICA

A fase crítica da dengue pode ocorrer em alguns pacientes, sendo mais comum em indivíduos que já tiveram uma infecção prévia pelo vírus DENV, especialmente quando a nova infecção acontece mais de 18 meses após a primeira.


Essa fase tem início durante a defervescência (queda da febre), geralmente entre 3 e 7 dias após o início da doença, e pode apresentar sinais de alerta importantes, como:


✔️ Dor abdominal intensa e contínua

✔️ Vômitos persistentes

✔️ Queda repentina da temperatura corporal

✔️ Acúmulo de líquidos no corpo

✔️ Diminuição da produção de urina

✔️ Sensação de desmaio

✔️ Sangramento de mucosas

✔️ Sonolência e/ou irritabilidade

✔️ Pele fria e pálida

✔️ Queda da pressão arterial

✔️ Dificuldade para respirar


Na presença desses sinais, é essencial buscar atendimento médico imediato.

🔸 SINAIS DE ALARME

Confira mais informações sobre os sinais de alarme da dengue com especialistas:

🎥 Dr. Flávio Pediatra: assista aqui

🎥 Dr. Renato Kfouri: assista aqui

O reconhecimento precoce dos sinais de alerta é essencial para garantir um atendimento adequado e evitar complicações.

🔸 DENGUE EM CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS

Em bebês e crianças pequenas, os sintomas podem ser inespecíficos, o que exige maior atenção dos responsáveis. Os principais sinais incluem:


🩺 Febre alta de início súbito (duração de 2 a 7 dias)

🩺 Dor no corpo e dor de cabeça, frequentemente manifestadas por choro intenso e persistente

🩺 Irritabilidade e sonolência

🩺 Recusa alimentar ou das mamadas

🩺 Fraqueza e prostração

🔸 FASE DE RECUPERAÇÃO DA DENGUE

A fase de recuperação ocorre nos indivíduos que passaram pela fase crítica da dengue. Nessa etapa, há uma reabsorção gradual dos líquidos extravasados, estabilização dos sinais clínicos e controle de possíveis episódios hemorrágicos.


Durante esse período, que dura de 2 a 4 dias, pode surgir erupção cutânea, com ou sem prurido (coceira), como parte do processo de recuperação do organismo. A hidratação e o acompanhamento médico continuam sendo fundamentais para a completa reabilitação do paciente.


✔️ Conheça o protocolo vigente para manejo da dengue no Brasil (2024): acesse aqui

🏠 O QUE A FAMÍLIA PODE FAZER?

A participação ativa da família é essencial para evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Algumas medidas práticas podem ser adotadas no dia a dia:


🔎 Buscar ativamente por criadouros: Inspecione a casa regularmente em busca de locais que possam acumular água parada. Envolva crianças e adolescentes nessa ação preventiva, incentivando a conscientização desde cedo.



🛠 Eliminar áreas de criadouros:

✅ Forrar pratos de vasos com areia

✅ Manter calhas limpas e sem obstruções

✅ Tampar lixeiras e armazenar recipientes de boca para baixo

✅ Amarrar bem os sacos de lixo e tampar firmemente a caixa d’água



🚯 Remover água parada de outros reservatórios, como:

✅ Brinquedos deixados no quintal

✅ Piscinas infantis e coberturas de piscinas

✅ Baldes e bebedouros de animais

✅ Pneus, garrafas PET e sucatas expostas à chuva

✅ Vasos sanitários sem uso e sem tampa



🏡 Solicitação de agentes de saúde

Em locais onde não é possível eliminar criadouros ou destinar corretamente materiais que acumulam água, peça a presença de um agente de saúde para a aplicação de larvicida e outras ações de controle.



🧼 Higienização de reservatórios de água

Lave regularmente com água e sabão caixas d’água, baldes e outros recipientes utilizados para armazenamento. Essa limpeza periódica é essencial, pois os ovos do mosquito Aedes aegypti podem sobreviver por mais de um ano em ambiente seco.



🏫 Comunicação com a escola

Em caso de suspeita ou confirmação de dengue, informe a escola para que medidas preventivas sejam adotadas.



🚸 Acompanhamento da saúde do estudante

Crianças e adolescentes que apresentam febre ou mal-estar devem ser retirados da escola para repouso e acompanhamento de saúde. A presença de estudantes doentes pode comprometer o aprendizado e o bem-estar coletivo.



💉 Vacinação e atualização do calendário vacinal

Sempre que disponível, participe das campanhas de vacinação contra a dengue e mantenha o calendário de imunizações da família atualizado, garantindo uma proteção mais ampla contra doenças.



📢 Participe da campanha nacional:

💡 Você só precisa de 10 minutos por semana para prevenir os focos do mosquito

🔗 Acesse aqui


🎥 Confira as orientações do Dr. Daniel Becker sobre a dengue:

📌 Assista aqui

Você só precisa de 10 minutos por semana para prevenir os focos do mosquito - campanha nacional

Fonte: Ministério da Saúde

A prevenção da dengue exige um esforço conjunto entre famílias, escolas e autoridades de saúde. Pequenas atitudes podem salvar vidas! 🚫🦟

VACINA CONTRA A DENGUE

O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). Devido à disponibilidade limitada de doses, o público-alvo e as regiões prioritárias para imunização foram definidos com base nas taxas de hospitalização por dengue nos últimos cinco anos. Atualmente, a vacinação é recomendada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, 11 meses e 29 dias.


📌 Atualização temporária para 2025: para evitar desperdício de vacinas próximas ao vencimento, o Ministério da Saúde ampliou temporariamente a faixa etária:


✔️ Doses com dois meses para o vencimento podem ser redistribuídas para municípios ainda não contemplados ou aplicadas em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos.


✔️ Doses com um mês para o vencimento podem ser aplicadas conforme a bula da vacina, abrangendo pessoas de 4 a 59 anos, 11 meses e 29 dias.


🔗 Confira aqui a Nota Técnica 24/2025 sobre a vacinação


🔸 VACINAS DISPONÍVEIS NO BRASIL

Atualmente, há duas vacinas contra a dengue, ambas de vírus atenuado, capazes de oferecer proteção contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4):


1️⃣ Dengvaxia®

✔ Indicação: 6 a 45 anos

✔ Apenas para pessoas que já tiveram dengue

✔ Esquema vacinal: 3 doses


2️⃣ QDenga®

✔ Indicação: 4 a 60 anos

✔ Pode ser aplicada em pessoas com ou sem infecção prévia por dengue

✔ Esquema vacinal: 2 doses


🔗 Saiba mais sobre a vacinação contra a dengue


🔸 VACINA DOSE ÚNICA DO INSTITUTO BUTANTAN

O Instituto Butantan está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue em dose única. O pedido de registro junto à Anvisa foi realizado em dezembro de 2024, e sua aprovação pode representar um grande avanço na imunização contra a doença.


🔗 Leia mais sobre a vacina do Butantan

⚠ Atenção: Baixa adesão à segunda dose!

A proteção contra a dengue só é garantida de forma eficaz após a segunda dose da vacina. Portanto, é fundamental que todos que iniciaram o esquema vacinal completem a imunização!

🏫 O QUE A ESCOLA PODE FAZER?

A escola desempenha um papel essencial na prevenção e controle da dengue, adotando medidas para proteger estudantes, colaboradores e a comunidade escolar. Entre as ações implementadas, estão:


👉 Educação e conscientização

  • Disponibilização de cartazes e informativos sobre prevenção da dengue.
  • Atividades pedagógicas para ampliar a consciência preventiva entre estudantes e familiares.


👉 Proteção individual

  • Solicitação do envio de repelentes para os estudantes e orientação ou auxílio na reaplicação quando necessário.


👉 Vigilância e combate ao mosquito

  • Inspeção das instalações escolares para identificar e eliminar possíveis criadouros do mosquito.
  • Acionamento da vizinhança ao identificar focos em terrenos próximos e comunicação com agentes de saúde quando necessário.
  • Solicitação de dedetização, quando indicado, para reduzir a presença de mosquitos no ambiente escolar.


👉 Monitoramento e cuidado com os estudantes

  • Identificação de casos sintomáticos e solicitação de retirada do estudante para avaliação médica.
  • Comunicação à UBS (Unidade Básica de Saúde) de casos confirmados e monitoramento de casos suspeitos.
  • Incentivo à vacinação contra a dengue para toda a comunidade escolar.

Essas medidas visam garantir um ambiente escolar mais seguro e saudável, preservando a saúde e bem-estar de toda a comunidade escolar

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